Eita, que esse assunto é a complicação da minha vida. Quando tenho interesse em alguém, quando tenho afeto e tesão por alguém – mesmo que a coisa tenha acontecido muito mais no plano das ideias do que em termos práticos – já se forma o pula-pula em mim.
Deixar ir um amor que nem começou não é propriamente deixar ir, né? É, antes, admitir que por várias diferentes razões, aquele amor não vai funcionar, não vai começar, não vai se desenvolver. É, antes, uma desistência. É assumir que não pode ser. E que eventualmente não chegaria a ser amor.
E amor, aqui como usei, pode ser claramente força de expressão.
E tesão, aqui como usei, não dimensiona com justiça o que eu quero expressar.
Porque… né? Eu sabia desde o primeiro minutinho da coisa que… não poderia ser. Uma pessoa com um compromisso, eu livre no vento. Uma pessoa com um filho de sua parceira, eu inexperiente na questão.
Eu alimentei o climinha, ele alimentou o climinha. Para ele tudo absolutamente cômodo, eu já com o pula-pula.
Mas alimentamos bastante.
Até que eu mandei um “vem cá”, e a pessoa se assustou. Ou fez que se assustou. Ou qualquer outra coisa. E “veio” infinitamente menos do que eu “fui”.
Eu vidrada, aflita. Ele equilibradão, voltando a ser coleguinha. Eu querendo experimentar o que fosse possível, com ele. Todas as temperaturas e paladares. Ele na dele, quietinho da silva, correndo zero risco. Tudo em mim, cada poro, cada pensamento, alerta e dolorido.
Ele na boa. Como sempre.
Isso é imaturidade minha, é claro que é. Inabilidade da grande. Logo eu, tão anciã e madura em tantos outros aspectos. Mas eu sou o que eu sou, gente. Nós podemos alterar uma coisa aqui, outra ali. Podemos acessar e melhorar alguns aspectos, mas o chassi é o mesmo.
E tenho uma propriedade tenebrosa: nestas situações, quanto mais difícil fica, mais eu pareço desejar.
Logo… e justamente porque não rola e não flui… a questão fica para mim como uma pendência, o balão pairando na linha dos meus olhos sem subir e sem descer, preso na atmosfera da minha ansiedade e do meu desejo.
Tudo isso começou e vai acabar sem o mundo perceber. Tudo isso começou e provavelmente… vai acabar, sem ter chegado sequer perto do caso que eu projetei.
Então quando as pessoas falam assim: “Cara, você é uma pessoa muito, muito legal, não deveria estar sozinha!” só me resta responder que a “culpa” é minha mesmo. Eu não sei brincar. O pula-pula não é brincadeira. Pelo menos… não para mim.